quinta-feira, 28 de setembro de 2023

O dia que um homem sugeriu um date no Giraffas

Eu não morri, gente! O blog estava às traças por motivos de eu não querer ficar contando a mesma história over and over again. Os boys estavam ficando meio repetitivos nos ghostings, mas esssa semana eu passei por algo inédito na minha vida amorosa e que é ruim demais (ou seja, bom demais para vocês, porque sei que vocês gostam é do mal feito!) para ser verdade.

Já nem apago mais aplicativo de namoro. Eu deixo eles lá, quando dá uma enjoada eu paro de usar e depois eu volto. Eu não apago porque sei que a qualquer momento eu vou voltar.

Então, em mais uma dessas voltas, dei match no Happn com um rapaz que, de verdade, eu nem me lembrava de ter dado like. Uma carinha de nerd que não faz muito meu estilo, mas bom né, o mar não tá para peixe.

Começamos a conversar, ele bem gente boa, respeitoso, tudo certo. Após uns três, quatro dias conversando, ele me perguntou se era cedo para me chamar para sair. Eu disse que não achava e começamos a pensar em um lugar para ir. Ele falou que eu poderia escolher o local, mas que achava um açai excelente para esse calor. Eu como não gosto de açaí, já descartei logo a ideia. Rolou algo sobre um sushi no meio da conversa, mas não decidimos nada.

Ao mesmo tempo, eu já estava conversando há uns bons dias no WhatsApp com um outro rapaz, do Tinder, que já havíamos tentando marcar um date umas 2x e nossos horários estavam desencontrados. Até que nesse dia, ele me mandou mensagem do tipo: "Bora hoje?" e eu falei "Bora!". Fomos a um sushi. Date foi massa, cara gente boa, falamos sobre assuntos variados, pegada boa e beleza.

Voltando pro nerdzinho do Happn. Vamos sexta, mas para onde? Disse para ele que tinha ido ao sushi na terça com um amigo. Aí ele manda:

- Já que você comeu sushi ontem, vamos em outra coisa, né? 

- Sim! Vou pensar num lugar legal. Tem alguma coisa que você não coma?

E aí eu vou colocar aqui o print do que ele mandou.


Pois é. O cara, 31 anos na cara, teve a AUDÁCIA  de sugerir um primeiro date no Giraffas. Ou no Spoletto. Ou no churrasquinho da esquina. E eu fiquei tão impactada, que esperei ele mandar um "zoeira" "brincadeira", que não veio. E que ainda por cima, ao ser questionado, ele me pergunta, genuinamente, qual era o problema e alega que "eu sou simples mesmo" e "me desculpas se esses são os melhores restaurantes de Brasília" (eu queria morrer quando ele falou isso).

E aí, eu achava que não precisava, mas pelo jeito precisa explicar para os homens o porquê de isso não ser aceitável. Odeio Giraffas, Spoletto, espetinhos? Óbvio que não! Meu armário é basicamente construído por vasilhinhas do Spoletto e nada como um churrasquinho de gato saindo na hora. Mas, cara... NUM DATE?? Num PRIMEIRO DATE??

"Ah, então você é uma interesseira que só quer ir em lugar caro!" Não se trata MESMO do valor financeiro.

Esses lugares são lugares que você vai quando tá com pressa, com preguiça, sem grana total, ou depois de um dia cheio de trabalho passa no espetinho para comer rapidão. 

Em um date, você está querendo conquistar a pessoa, conhecer, demonstrar interesse. Se para você, é um dia qualquer, comum, que não exige nem um mínimo esforço de sentar num lugar mais legal, mais apropriado, com um clima mais propício, você mostra que não tem tanta importância assim para você.  O cara que sugere um date no Giraffas daqui a pouco vai aparecer de regata vindo direto da academia sem ter tomado nem um banho. Escreve o que eu tô dizendo.

E para ninguém vir me acusar de ser pelo dinheiro, quero deixar bem claro, que eu não tenho problema nenhum em dividir a conta no date. Até prefiro, na real. E sim, há opções baratas que teriam muito mais cara de date do que o churrasquinho da esquina que se pá não tem nem lugar para sentar e eu vou chegar em casa com o cabelo cheirando a fumaça:

- Um sorvete no fim da tarde, numa sorveteria que não seja o quiosque do McDonalds.
- Um picnic no parque.
- Uma noite no Buraco do Jazz, com canga no chão.
 
Coloquei aqui três opções, mas tenho certeza que outras pessoas tem também outras sugestões.

Eu ainda, pacientemente, tentei explicar o caminho das pedras:


Nesse momento, eu achei que ele fosse vir com tudo para cima de mim. E ele:


Cada vez a coisa indo ficando mais esquisita e, embora eu não ache, depois da conversa, que ele estava fazendo por descaso, eu me assustei no quão despreparado um homem 30+ está para um date! A gente não quer mais ser relationship tutor de ninguém a essa altura, não, gente! Se no primeiro date tá sendo assim... o que será de qualquer coisa que venha depois?

E aí, para não ser a maior escrota do mundo, eu sugeri um sorvete. Rápido, indolor, barato. Vai ser o primeiro e provavelmente único date, porque eu não consigo pensar em NADA que ele possar falar ou fazer para recuperar essa péssima primeira impressão deixada.

Tem gente achando que eu fui paciente demais. Que devia ter bloqueado logo ou que não deveria sair com ele de jeito nenhum.

Mas eu vou fazer minha boa ação da semana. Esperando que depois Deus veja meu esforço e me compense como eu mereço!




sábado, 2 de outubro de 2021

Não pegue o boomerang. Não vale à pena.

Quando o universo te livra de gente maluca, você escute, viu? Porque se voltar que nem boomerang você devolve. Não pegue o maldito do boomerang! Eu peguei. 

Já tinha dado match com esse cara no Tinder uma vez. As fotos dele eram super bonitas e a descrição do perfil irreverente, fora do lugar comum, o que costuma me agradar. A nossa conversa foi meio estranha, não marcamos de sair e segui a vida.

O vi algumas vezes no app de novo, mas passava reto. Um dia, depois de tantas vezes ignorar, dei like. Peguei o boomerang, gente. E deu match.

Começamos a conversar, inclusive constatando que já tínhamos dado match antes, mas que não lembrávamos direito porque não tínhamos saído. Ele me chamou para sair no mesmo dia. Na verdade, a ideia dele era já vir aqui para casa ou que eu fosse para casa dele (detalhe que ele mora com a mãe). Eu disse que não topava, que ele era um desconhecido total e que não achava uma boa ideia trazer de cara para dentro da minha casa. Ele argumentou dizendo a seguinte frase icônica:

- Mas eu tenho 13 gatos e gosto de Pokemon. Que mal eu poderia te fazer?

Eu fiz aquela cara que quem me conhece bem já pode estar imaginando aí e perguntei:

- Só porque você ama os animais e gosta de coisa de criança eu tenho que confiar em você? Se tem pai que estupra filha, uai!

Enfim, marcamos uma pizza. Chegando no local, ele não parava de falar de si mesmo. O quanto ele era legal, evoluído, as experiências que ele teve, a quantidade de minas que ele já pegou, como ele sempre vira amigo das mulheres que fica, as decepções que teve, a ex... A ex apareceu na conversa do app e depois pessoalmente. O cara era tão self-centered que até quando perguntou sobre mim, foi para rebater com coisas sobre ele. O cara era tão carente que depois de uma hora conversando, perguntando o que eu tinha achado dele (não façam isso, homens, é BROCHANTE!). O cara era tão sem filtro que achou apropriado me contar que já teve primeiros encontros no tinder onde ele acabou na cama com a mulher pedindo para ela penetrá-lo no forevis.

Como se a conversa toda não tivesse sido um mar de red flags, o cara pediu a conta DO NADA, sem nem me perguntar se podia, se eu queria comer mais ou algo parecido. O que me pareceu o tempo todo é que minha opiniões, desejos e vivências eram nada relevantes para aquele encontro. 

Dei um abraço nele e segui em direção ao meu carro para ir embora. Ele morava na quadra da pizzaria, então foi indo para casa à pé. Enquanto eu colocava o cinto e ajeitava uma musiquinha para ouvir durante o caminho, ele voltou e me questionou porque eu não tinha ficado com ele. Ofereci uma carona, ele entrou no carro e fomos conversando amenidades até lá. Chegando na casa dele, eu parei o carro e disse que não tínhamos nada a ver e que, ainda por cima, ele estava obviamente ainda envolvido com a ex. Ele tentou se esquivar, dizer que não era bem assim, que estava meio triste ainda, porém superado (aham). Eu disse que não tínhamos nada em comum e que não iria rolar nada entre nós. 

Nesse momento, ele resolveu colocar a cereja em cima do bolo e revelar que o motivo maior de frustração era porque sua intenção era fazer uma perfect week.

Para quem não pegou a referência, cata aqui: no seriado How I met your mother, tem uma personagem chamado Barney Stinson (interpretado por Neil Patrick Harris). O personagem é um mulherengo, gordofóbico, etarista, boçal. Em um dos episódios, ele se empenha para completar um perfect month: 30 mulheres diferentes em 30 dias do mês.

Agora me fala... se a referência de homem para alguém é o Barney Stinson, ele tem no mínimo um caráter duvidoso. Se ele ainda tem coragem de falar abertamente na cara da pessoa, ele não tem noção e nem respeito. 

E a partir de agora, eu prometo solenemente não pegar mais o boomerang. No good can come from this.


sábado, 6 de março de 2021

La friendzone






Todos já ouviram falar, muitos já frequentaram. A famosa "friendzone" nada mais é que você acabar no território de amigo e aquela pessoa que você está a fim não conseguir te olhar de outra forma. Pode ser que você tenha ficado a fim de quem você já era amigo ou pode ser que você tenha se tornado amigo demais da pessoa que você quer ficar. Acredito que os homens passem muito mais por isso do que as mulheres.

COMO ESSE FENÔMENO ACONTECE?

Primeiramente, por você ser a melhor pessoa do mundo com ela. Se preocupar, trazer mimos, ajudar a resolver os problemas, ser todo respeitoso, estar sempre disponível etc. 

MAS ISSO É RUIM?!

Pode ser, quando você deixa nesse campo e esquece da sexualidade. Você precisa deixar suas intenções claras. Não adianta você achar que a pessoa vai te querer apenas por você ser um cara super bacana. Tem que ter toque, pele, aquela brincadeirinha de duplo sentido, aquele elogio mais safadinho, aquele abraço com mais pegada, um cheiro no cangote. E o convite para sair não pode demorar muito. Se você ficar construindo território por muito tempo, a cada dia você vai entrando mais e mais na friendzone e a maioria dos casos é irreversível. 

COMO SABER SE ESTOU NA FRIENDZONE?

Se a pessoa começar a falar com você sobre outras paqueras... pode saber que já era. Ela não sacou que você queria algo mais (porque você com certeza não foi claro) ou ela não te olha dessa forma, e aí não tem jeito. Não tem como forçar a barra. Às vezes até ela te via como uma opção no começo, mas como você nunca demonstrou interesse nesse sentido, nunca a chamou para um date, ela achou que estava viajando. 

TEM COMO SAIR DA FRIENDZONE?

É difícil, mas não custa tentar, né? Se você perceber que ela tá te vendo só como amigo, você precisa imediatamente abrir o jogo. É a única solução. Não é garantia de que vá dar certo, mas quem tá no inferno, abraça o capeta. Tem a chance de, quando você falar, a sementinha ser plantada ali na cabeça. Se ela não te olhava daquela forma, de repente comece a considerar. Talvez demore um tempo. Se ela te der um fora, se afaste. Não continue sendo o fofo dos fofos (mas também não é para ser idiota, claro), porque dessa forma ela nunca vai te olhar mesmo como algo mais. Se você não acha que está pronto para se declarar, mude de postura. Seja menos fofinho e mais "pra frente". Já vai dando as indiretas, o lance é não deixar dúvidas de que você a deseja de outra forma

E se não der certo... parte para outro, my friend (desculpe o trocadilho infame!). E aplica as lições aprendidas na próxima vez. O que não tem remédio, remediado está.

E aí, pessoal? Já frequentaram a zona? Ou ao final desse post percebeu que tem alguém na sua vida que você pode estar colocando numa friendzone? Comenta aí e compartilha esse post com quem você achar que precisa ler essas coisas! 😅

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Falha na comunicação

Já escrevi aqui reclamando sobre a pouca habilidade dos caras de se comunicar nos aplicativos de paquera. É muito comum dar match com eles e ninguém puxar assunto (ou não responder quando você puxa). É comum também conversas monossilábicas, onde o cara só responde o que você pergunta. E também aquelas conversas que não duram 24h. 

Pois bem, não sei se foi a quarentena que deixou todo mundo meio zureta, mas agora os caras, em vez de fazer o mudo, tão falando horrores. E já de cara. Não dão nem oi, já chegam com o pé nos peito da gente. Mas é aquele negócio né... margem de erro para mais ou para menos, eles continuam com aquela dificuldade imensa de falar alguma coisa que faça sentido. 

Olha só esses macholinos que encontrei por esses tempos:





Bom, primeiramente esse rapaz enviou a mesma mensagem EXATAMENTE igual, o que me leva a crer que ele deu um Ctrl C + Ctrl V bonito e deve mandar a mesma coisa para várias mulheres.





Esse aqui tentou ser romântico, mas só passou                                                         por peão mesmo.






Esse é o meu preferido! O cara sem empolgou e deixou minha autoestima em dia hahahaha 

Um gênio!







Eu demorei uns 35 minutos para ler o currículo do Catho que ele me mandou, mas fiquei bastante impressionado mesmo foi com as marcações em caixa alta. Dedicado o rapaz. Deixa essa palavra mesmo.







Se descreveu como "peculiar". Você iria?





 É o que, moço?! Não entendi nada! hahahaha






Sério... QUÊ?!



O clássico "quando uma imagem vale por mil palavras", né?! Divirtam-se. Porque pelo menos para dar risada esses apps ainda estão funcionando! 


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Sobre assédio sexual

Não é não. E pronto.

Homem, mulher ou qualquer outro gênero. Qualquer um têm direito de se recusar a ficar com alguém e deve ter seu desejo respeitado.

Eu demorei para falar do comportamento tóxico da Karol Konká aqui no blog porque eu era fã dessa mulher. As músicas dela falavam diretamente comigo, eu ouvia e me sentia empoderada. Então é um choque cair do cavalo dessa maneira. É difícil acreditar que uma mulher que gravou uma música chamada "100% feminista" esteja prestando um desserviço tão grande à causa. 

Pois bem, depois de ontem, não tem para onde correr. 

Desde o começo do jogo, Karol se mostrou interessada em Arcrebiano. Os dois fizeram prova de resistência juntos, mas ninguém tinha visto clima de romance nenhum entre os dois. Do nada, ela começou a dizer pela casa que havia um interesse da parte dele e que ela poderia estar correspondendo o tal interesse.

Ontem, Karol encurralou o rapaz. Durante o dia, se deitou de conchinha com ele e o encheu de perguntas e insinuações que o deixaram desconfortável. À noite, durante a festa, estava decidida a beijá-lo. E por mais que ele tenha negado várias vezes, ela continuou agarrando-o. Vimos cenas dela pendurada no pescoço dele, ele se esquivando e ela forçando a barra, dizendo "só um selinho, então, vai". Foram cenas de horror para os dois lados. Karol se humilhando por uma migalha (sem contar com o fato de ter jogado sua possível concorrente para os braços de outro), Arcrebiano super sem jeito, sem querer ser grosseiro, mas com nenhuma vontade de ficar com ela, aparentemente. Um não quer, o outro insiste veementemente = configura assédio.

Alguns disseram por aí "ah, mas ele acabou ficando, então é porque no fundo ele queria". Toda pessoa que já sofreu assédio e não conseguiu escapar já ouviu isso. 

Arcrebiano foi um gentleman. Não destratou Karol em nenhum momento, não foi violento e nem agressivo. Mas seu semblante mostrava claramente seu desconforto, seu constrangimento, sua vontade de se livrar daquela situação. Ele foi assediado em público, em rede nacional, por uma mulher que fala por aí em suas músicas contra o assédio. O fato de ele ter acabado ficando com ela, não apaga o fato de que ele sofreu assédio. Quantes de nós já cedemos por pressão, por medo, para se livrar da pessoa, por vergonha? 

Karol Konká, aliás, vem sendo abusiva de várias formas dentro da casa, com várias pessoas diferentes. Arcrebiano é só mais uma vítima de seu comportamento tóxico e seu jogo sujo.

A cantora chegou a afirmar em uma conversa que Juliette é o tipo de mulher que fingiria um assédio para prejudicar um homem e que ela sufocava os meninos da casa com seu jeito. Como se isso não fosse quase um pecado capital saído da boca de uma suposta feminista.. é também interessante essa colocação. Diria que minimamente irônica, não?

Aguardo as consequências das ações abusivas de Karol Konká. O tombo vai ser feio, como ela mesma já disse em sua consagrada canção.






segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

O esquerdomacho

Por conta do BBB do ano passado, onde pautas como o feminismo e o racismo foram assuntos em evidência entre os participantes e definiram toda a dinâmica do jogo, o BBB21 começou com uma pegada bem diferente. Esse debate já entrou com força desde o primeiro dia do programa e iniciou-se um perigoso jogo de cancelamento dentro da própria casa e um clima de bastante intolerância.

Dentro dessa temática, surge uma figura que eu ainda não tinha catalogado aqui no blog: o esquerdomacho. Representada principalmente na figura do Fiuk dentro da casa, o esquerdomacho é aquele homem que paga de desconstruidão, de apoiador de causas como feminismo e racismo, mas no fundo não passa de um macho escroto do mesmo naipe do hetero top que tanto criticamos. É um executor ferrenho de práticas como maninterrupting e mansplaining. É aquele que pede desculpa por ser homem e nos faz revirar os olhos num movimento de 360º.

Para começar, o Fiuk estragou expressões como "desconstrução", "reconhecer seus privilégios" e "lugar de fala". Está usando de forma leviana, querendo "converter" pessoas como se ele fosse o suprassumo entendedor das causas. 

Eu não estou aqui para cancelar ninguém. Eu acredito muito na aprendizagem, na evolução das pessoas - até porque, se não acreditasse, esse blog nem existiria, porque eu o vejo como uma ponte para aprender, não só uma chuva de críticas. Porém, o que falta para quem está aprendendo esse tipo de coisa, é ouvir mais e falar menos. Aprender é colocar em prática, muito mais do que arrotar lições de moral em qualquer pessoa que aparecer na sua frente. Na maioria dos casos, o cabra presta um serviço de muito mais qualidade se mantendo de boca fechada.

O Fiuk, por exemplo, nos primeiros dias de jogo, pareceu ser super sensato, aberto, acolhedor. Seu jeito carinhoso conquistou a paraibana Juliette, que logo começou a imaginar coisas românticas a seu respeito (chegando até a deixar o público impaciente com tamanha empolgação). Fiuk estava lidando  com o assunto de forma leve, mas agora, percebendo seu poder sobre a moça, usa de um tom arrogante e superior para falar com ela e dela (mas sempre com a fala bem mansa, repare), chegando a humilhá-la e fazendo-a sentir burra e não-autêntica. Esse é um dos comportamentos-chave de um esquerdomacho. Clica aí embaixo para conferir o ataque:


Fiuk praticou maninterrupting pesado com Carla Diaz (e tem feito isso com frequência) e já é conhecido na casa como um participante que não deixa ninguém falar. Depois de ter ido atrás dela para, supostamente, saber se estava bem e queria conversar, ficou debochando dela com outros participantes da casa. Também já vimos cenas onde ele "explica" para Carla seu lugar de privilégio num tom bastante presunçoso, fazendo-a sentir culpada por ter nascido branca e por ser uma artista bem-sucedida. Isso passa bem longe do objetivo de ensinar alguém a reconhecer seus privilégios. Reconhecer seus privilégios é um passo para que você use sua voz, que é ouvida, para ajudar quem não é ouvido (entre outras coisas, claro). Não deve ser uma ferramenta para fazer alguém que não tem culpa de ter nascido privilegiado se sentir mal por sua condição natural. Clica aí embaixo para conferir a palestrinha:


Li no Twitter (não vi essa cena) que as meninas estavam falando sobre tamanho de seios e o Fiuk chegou dizendo que corpo natural é lindo, que ele se amarra em seios pequenos e coisa e tal. Já falei aqui brevemente também sobre a mania que os homens tem de palpitar sobre nossos corpos. Com certeza ele achou que estava arrasando com esse comentário, já que a sociedade idolatra mulheres com seios grandes. Porém, mais uma vez, ele chega dando palpite em coisas que desconhece. Não experimenta da dor da pressão dos padrões estéticos sobre a mulher, dá opinião que não foi solicitada e palestra sobre assuntos que nunca lhe dirão respeito. Clássico esquerdomacho.

Fiuk é tão sem noção que soltou frases como "eu tive uma vida muito difícil", "ser pobre é uma delícia" e "não sabia que eu ia passar fome aqui", numa sala onde havia pessoas que cresceram na periferia, sem 1% das oportunidades que ele teve e possivelmente tendo algum que realmente tenha passado fome. Isso prova o quanto o discurso dele é incoerente com suas ações. Se tem uma coisa que ele não sabe ainda é reconhecer seus privilégios, embora não se acanhe em puxar cada participante da casa num canto e vomitar seu discurso decorado de livro. 

Portanto minha amiga, quando você conhecer um cara que paga de desconstruidão por aí, tome cuidado. Já fique de olho nesses sinais de alerta, porque se ele for um esquerdomacho, aparecem rapidinho. 

Para terminar, deixo esse vídeo sensacional da Ademara (uma influencer comediante de Pernambuco maravilhosa!) com uma ilustração do esquerdomacho clássico:



segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

O homem-gambá

Essa quarentena mexeu com nossas cabeças de um jeito que nem Freud explicaria. Em nome da carência, algumas pessoas aceitaram coisas que até Deus duvida. E é nesse espírito que venho contar a história da nossa heroína do dia. 

Eliane um dia foi visitar uma sobrinha e conheceu uma amiga dessa sobrinha, que disse ter um irmão para apresentar para ela. Gustavo, o tal irmão, adicionou Eliane no Instagram e assim começaram a se conhecer.

Tudo foi estranho desde o começo. Gustavo insistia para que Eliane o recebesse em sua casa e chegava a ser inconveniente com a insistência. Porém, como a carentena bateu forte, Eliane acabou cedendo um dia desses e o rapaz foi parar em seu apartamento. 

Era a primeira vez que se veriam, mas pelo jeito ele não se preocupou nem em tomar um banho. Chegou com aquele fedor de quem passou o dia todo na rua e isso já deixou Eliane bastante desanimada.

Ainda assim, a carentena não deixou de falar mais alto e quando menos esperava, ela estava na cama com um cara que gritava OHHHH a cada enfiada e que urrava feito um gorila na selva quando gozava; ela nunca se esforçou tanto na vida para não rir. 

Alguns dias depois, a carentena bateu novamente e Eliane deixou Gustavo fazer uma segunda visitinha. Dessa vez, ele se superou e trouxe, junto com o já conhecido cheirinho azedo de sovaco vencido, um chulé insuportável. O futum empesteou o apartamento, ela teve que arreganhar todas as janelas numa tentativa desesperada de se livrar do odor do bofe. A paciência estava no talo. Ele sentou-se no sofá e jogou as pernas por cima dela, prendendo sua circulação. Foi o fim. Dessa vez não teve carência que desse conta, Eliane teve que se livrar do homem-gambá.

Depois de alguns dias sem dar muita moral para ele, ela recebe uma mensagem dizendo:

- Você está estranha. Você deve ter algum problema. Você ainda pensa muito no seu ex, né?

- É, você tem razão. Penso MUITO no meu ex.

O mais bonito desse tipo de homem é que ele nunca acha que o problema é ele. É o que a gente sempre diz: a autoestima do homem hetero precisa ser estudada.

E pasmem, quando ela achou que havia passado por tudo o que tinha que passar com esse homem, ele comenta um de seus stories dizendo:

- Quero você com esse bocão aí!

Às vezes é melhor ficar na carência, galera. Vai por mim. Nada é tão ruim que não possa piorar. 

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*Todos os nomes desse post estão com nomes fictícios, como sempre fazemos nesse blog.

domingo, 20 de dezembro de 2020

Tratamento especial?

Esse ano passei por uma situação delicada que quanto mais eu analiso, menos eu entendo onde foi que as coisas se perderam.

A gente fala em não criar expectativas, mas a verdade é que tudo é bullshit. O ser humano é um criador nato de expectativas e com uma boa dose de encorajamento, a coisa tende a desandar de forma desgovernada. O resultado é quase sempre um coração partido e uma quantidade infinita de "por quês".

É claro que eu não entrei imaginando que ia dar tudo certo. Afinal de contas, quando você resolve se envolver com uma pessoa que terminou um namoro de mais de uma década há pouco tempo, você já sabe que a chance de se dar mal é grande.

Mas essa probabilidade significa nada quando você e a outra pessoa parecem estar conectados de uma forma inexplicavelmente boa. Quando tudo parece estar em sintonia, quando você finalmente encontrou aquele cara que atende todos os requisitos da sua check list dos sonhos, o resto se torna invisível.

O cara te trata como rainha. Te apresenta para os pais. Te busca no aeroporto quando você chega de viagem. Te manda mensagem todo dia. Vai atrás das suas amigas para saber se você está bem quando você demora a avisar que chegou em casa. Lembra que você sonhou com um chocolate e compra o tal chocolate para te dar de presente. Olha para você com carinho, e diz o quanto ele está feliz, de forma constante. Te lembra toda hora o quanto você é maravilhosa e o quanto traz luz para vida dele. Faz planos com você. Te coloca no grupo de whatsapp dos amigos dele. Dorme na sua casa todo FDS. Quem não vai criar expectativas? Quem vai lembrar que tem ex fresca na cabeça dele?

Os sinais começam a aparecer de leve, mas ele continua bom em te deixar tranquila e não ter medo de baixar a guarda. Você baixa.

E logo, logo toma um pé na bunda por mensagem. Como se isso fosse válido em qualquer situação. E com as palavras mais frias que nem parecem estar vindo daquela pessoa que te fazia se sentir tão bem e amada.

O problema é que tem uma categoria "nova" de caras babacas por aí: eles acham que tem que tratar toda mulher como se fosse a mais especial do mundo. Que isso é ser um cara decente, um bom moço. I'll tell you what... PAREM! 

Não confundam respeito, sinceridade, transparência com brincar com os sentimentos das pessoas. Vocês não precisam tratar toda mulher como a mais especial do mundo. Para ser considerado decente, só é necessário ser respeitoso e honesto. O resto já é alimentar um amor que você não pretende colher e isso é TÃO cruel! 

Cada vez que olho para trás, me pergunto se o que vivi foi verdadeiro de alguma forma e como pode ter sido tão insignificante para outra pessoa quando foi tão importante para mim. E não adianta ele dizer que "não é bem assim"; quando alguém não tem coragem de olhar nos seus olhos e explicar porque não pode mais estar com você, já é um atestado de que você não teve tanta importância assim. E dói. Para cacete. Quando as palavras não têm coerência com as atitudes, elas são irrelevantes.

Então, eu peço, rapazes... Tratem bem as pessoas com as quais vocês se relacionam. Isso significa ter respeito e ser honesto. Se não está preparado, se não tem intenção de se abrir, não alimente. Não transforme aquilo numa relação se realmente não quiser uma. Seja educado, mas não aja como se estivesse super envolvido se não estiver. O que te faz ser babaca não é querer ou não alguém, mas a forma como você lida com esse não querer, com seus sentimentos e os da outra pessoa. Tenham responsabilidade afetiva. Se recuperar da impressão de ter passado um tempão vivendo uma mentira é muito doloroso.

Honestidade sempre vale a pena. Seja honesto com você e com os outros.

terça-feira, 3 de novembro de 2020

O dia em que legalizaram o estupro no Brasil

O dia em que legalizaram o estupro no Brasil - o vídeo


Hoje eu morri um pouquinho. Vivi para ver um juiz inocentar um estuprador mesmo cheio de provas. E isso me matou.

Fica até difícil colocar os sentimentos em palavras porque é um nível de revolta que nos deixa atônitas, sem ter mesmo como se expressar. 

Como se o nosso país já não fosse super perigoso para ser mulher, eles conseguiram deixar ainda pior. Levantaram a possibilidade de que é possível estuprar sem ter a intenção.

Ler a reportagem do "The Intercept" sobre o julgamento foi a mesma sensação de ficar de cabeça para baixo depois de ter comido muito. Náusea. Vontade de vomitar.

Como se costuma fazer por aqui, expuseram a vida da vítima. Mostraram fotos de seus trabalhos de modelo, com pouca roupa, fazendo poses sensuais. Questionaram sua integridade, sua moral, suas motivações. Disseram até que não gostariam "de ter uma filha do seu nível". Humilharam-na de todas as formas possíveis, com a permissão do juiz. O ás da justiça.

E aí, quando imaginava-se que não podia ficar pior... Emitiram a sentença por falta de provas, com a fundamentação de que não tinha como ele saber se a vítima estava em condições de reagir ou não e que não existe categoria culposa do crime de estupro de vulnerável; portanto, o crime não teria acontecido. Aos que não entendem, isso significa que o réu "não teve a intenção de estuprar". 

Agora me diga... como alguém não tem intenção de estuprar?! Ninguém transa com alguém à força sem querer. Isso é tão absurdo, tão ridículo, que parece até sem noção explicar. E por não existir esse crime previsto em lei, André Aranha, o estuprador, foi absolvido. MAS É CLARO QUE NÃO EXISTE ESSE CRIME EM LEI. Isso não existe! Não existe estupro não intencional! Existe uma sociedade bosta, misógina, imunda, QUE QUER NOS MATAR.

A partir de agora, quantos estupradores serão absolvidos sob a alegação de "estupro culposo"? Quantos advogados alegarão que seu cliente não teve a intenção de estuprar? O termo [estupro culposo], de fato, não foi utilizado como tal, mas a interpretação pode se dar dessa forma. Há muito mais escrito nas entrelinhas dessa sentença (e na forma como esse julgamento foi conduzido) do que apenas as palavras que podemos ler. Legalizaram o estupro no Brasil, minha gente. LEGALIZARAM o estupro no Brasil.

É pra combater essa cultura assassina que blogs como o meu existem. Para denunciar, para gritar nossas dores, para que eles saibam que não vão nos calar! Que por mais que passemos por coisas absurdas como essas, não passaremos caladas e passivas! 

Hoje, eu tenho dois pedidos para vocês:

1) Assinem a petição Abaixo-assinado por Mariana Ferrer

2) Compartilhem esse post com o máximo de mulheres que puderem (e homens que nos apoiam também, claro!)

Mexeu com uma, mexeu com todas! Vamos colocar a boca no trombone!


"O estado opressor é um macho estuprador."


PS: Após ler a sentença do juiz na íntegra, alterei algumas coisas do post. O estuprador foi, na verdade, condenado por "falta de provas" ou "provas fracas". Porém, na apelação o promotor cita a "falta de dolo", o que caracterizaria que ele acha que alguém pode estuprar sem ter a intenção.

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Alerta: o novo "chat da Uol"

Olá, meus amores!

Hoje vim contar uma história engraçadinha, mas para falar de um assunto sério.

Às sextas-feiras, temos um grupo de amigos que joga online. Normalmente nosso primeiro jogo é GARTIC (é uma espécie de Imagem e Ação online). Você pode entrar em salas que são abertas ao público, e geralmente é isso o que fazemos. Com isso, muitas vezes entramos em salas que tem crianças e adolescentes. Foi o que aconteceu semana passada.

Estávamos lá jogando tranquilamente, até rindo das conversas infantis das meninas que estavam na sala, quando aparece um desenho de "cafuné" para um dos meninos do grupo desenhar. Após ele desenhar, uma das meninas o marcou no chat e disse que a amiga gostava de cafuné e pediu o Whatsapp dele

Achamos super engraçado, rimos muito, até zoamos, mas depois conversando mais sobre o assunto, percebemos o quanto isso poderia ser perigoso. Imagina se um pedófilo entra numa sala dessas e acaba atraindo uma dessas meninas? Elas tiveram sorte de encontrar um homem sem más intenções no caminho, mas dependendo da pessoa, essa história poderia ter tido um fim diferente, talvez até trágico.

Algumas alunas minhas (meninas de 12, 13 anos, como as meninas do jogo) já relataram terem sido abordadas por homens no Instagram, então isso não seria nenhuma novidade. O fascínio por homens mais velhos, o mistério por trás do desconhecido, a maturidade fake que parece vir junto com a adolescência: tudo isso pode ser a receita perfeita para um pedófilo em ação. Esse ano, inclusive, houve várias denúncias de pedofilia praticada por professores nas escolas. Eles se aproveitam de todos esses aspectos citados acima, e acabam envolvendo e seduzindo jovens desavisadas com brincadeirinhas, elogios e carinhos inapropriados.

Eu não sou a favor de invasão da privacidade de adolescentes, mas acredito que seja um momento importante para que os pais fiquem de olho em qualquer comportamento atípico e sempre tenham essa conversa importante com seus filhos e - principalmente - filhas. Se antes nos diziam "não dê conversa para estranhos", agora a coisa ficou ainda mais delicada, pois a interação virtual está cada vez mais comum e conhecer estranhos o tempo todo virou parte da rotina dos adolescentes.

Se nós adultas, ao usarmos aplicativos de namoro, já temos receio de nos encontrar com alguém novo (muitas mandam a localização para uma amiga, como medida de segurança), imagina o cuidado que temos que ter com essas meninas inocentes? Pedófilos que se escondem por trás de telas de celular existem aos montes, portanto, todo cuidado é pouco.

Papais e mamães, liguem as antenas! A solução não é prender as crianças e adolescentes em uma bolha, mas mantê-los sempre bem informados sobre os perigos da Internet. Um diálogo familiar aberto também gera a confiança necessária para que eles se abram com vocês caso algo estranho aconteça no ambiente virtual (e fora dele também, claro!). Sejam os melhores amigos dos seus filhos e vocês conseguirão protegê-los com muito mais eficácia.